Em clima de união e harmonia, concurso de karaokê revela detalhes inusitados sobre cultura japonesa
Fotos Revista Mundo Ok
Três dias de cantoria ininterrupta. No palco, mais de 400 cantores entoando músicas tradicionais do Japão, sem contar no público oriundo de todo o estado de São Paulo. Parece até surreal, mas o grupo que movimenta o karaokê faz barulho. E como.
Realizado em Suzano, cidade localizada no interior paulista, o Concurso de Karaokê do Estado de São Paulo, evento que acontece há 18 anos, prova a cada ano que elementos da cultura japonesa – no caso, a música -, permanecem fortes independente da geração de descendentes. Dos maias velhos às crianças, os concursos de música japonesa não dão sinais de enfraquecimento. Pelo contrário.
Exemplo claro de dedicação e esforço são os campeões de grandes competições. Neste ano, o jovem Kunihiro Tanahara faturou o título máximo, desbancando nomes consagrados do meio. Entoando a música “Onna Misaki”, o cantor emocionou o público com sua presença marcante no palco – aliado, claro, ao vozeirão que hipnotizou as centenas de pessoas presentes no Bunkyo de Suzano.
Pode parecer apenas um hobby, mas os concursos de karaokê mostram que apenas gostar de cantar não basta para ganhar projeção. O próprio campeão canta em torneios desde criança, tendo faturado títulos em diversas categorias. Hoje, no auge, diz apenas que tudo é fruto de dedicação, “afinal, cantar faz parte de mim. A música representa muito em minha vida”. Para tanto, dedica-se a treinos exclusivos com o “formador de campeões”, Roberto Maeda, bem como com a professora Florinda Nagai.
Para o presidente da União Paulista de Karaokê – entidade responsável por agregar regionais espalhadas por São Paulo -, Toshio Yamao, grandes eventos com o Paulistão de Karaokê refletem o espírito de harmonia e solidariedade. Afinal, são meses de preparação para a realização do concursos, com direito a captação de recursos, operação logística para caravanas, bem como infraestrutura de primeira. O som e a iluminação, por exemplo, utilizam equipamentos de última geração.
“Temos muito orgulho de realizar um evento como esse, no qual centenas de pessoas mobilizam-se para um único objetivo: a de passar momentos de alegria e confraternização durante os três dias”, explica, complementando ainda que todos os cantores – a exemplo do campeão, Kunihiro Tanahara – treinam exaustivamente para “fazer bonito” em cima do palco. “Durante o fim de semana do concurso, todos dedicam seu tempo e sua vontade para ajudar na concretização do evento. Então, nosso sentimento é de gratidão, pois, proporcionar um belíssimo espetáculo como esse só é possível graças às pessoas que nele estão envolvidos.”
Sonho concretizado
Para regional responsável pelo concurso, um trabalho árduo, mas compensador
Perder o sono, correr contra o tempo, enfrentar obstáculos e fazer o melhor durante três dias de concursos. Prerrogativas básicas para quem vai subir ao palco para interpretar a canção escolhida perante o público e o júri. Mas, os quesitos citados não são voltados apenas aos cantores, mas sim aos organizadores. Que o diga o coordenador geral do Paulistão 2012, Mario Sakamoto. Responsável por uma equipe com mais de 20 pessoas, o dirigente confirma que organizar um evento com tal porte “é uma grande responsabilidade”.
Segundo ele, “o que antes era um sonho, hoje se concretiza”. Tudo por conta dos inúmeros empecilhos para levar adiante o projeto. “Este evento marcou não só a história do karaokê, mas aqueles que se doaram para que tudo saísse conforme o planejado. Então, só temos de agradecer aos envolvidos direta e indiretamente para concretização deste ideal, deste evento grandioso”, destaca.
Os percalços não foram poucos, de acordo com o coordenador. Da escolha do local, passando pela chegada dos cantores, viabilização de hospedagens e até negociação com a prefeitura local para apoiar o evento, Sakamoto confirma que foram “noites em claro, incansáveis reuniões, mas a persistência e o acreditar é que nos fortaleceu e nos impulsionou para não deixarmos nos abater e seguir adiante”.
Ao final, com um sorriso no rosto, apesar do cansaço evidente, o coordenador faz um balanço sincero sobre o movimento que dá vida ao karaokê. Para ele, “estranhos mostraram-se bons amigos e os amigos se tornaram quase irmãos. Sem a ajuda e a paciência de todos, não chegaríamos aqui. Agradeço a todos por fazer parte desta união, deste sonho realizado”.