Podemos considerar que Okinawa tenha sido a primeira região no mundo a se desarmar, quando outros países partiam para conquistas. Os “Lequios” intitulados pelos portugueses, que mantinham um intenso comércio com países da Ásia, nessa época nem a América tinha sido descoberta, o seu intercâmbio comercial no sudeste asiático começa a diminuir, com o domínio dos portugueses no século XVI. E também, os okinawanos eram chamados pelos chineses, por Lew Quew ou Low Chow e pelos japoneses de Okinawa ou Ryukyu…
Okinawa era reconhecido por ser um povo amistoso, pois em vários locais no arquipélago há monumentos de estrangeiros retribuindo a bondade recebida. Dentre elas também o reconhecimento do império chinês, com um portal situado na entrada do Castelo de Shuri, intitulada “Shurei no Mon” – Portal da Bondade, considerados pelos chineses como “Shurei no Kuni”, o país da bondade e da cortesia. Tendo como elemento primordial nas recepções do Castelo, a presença dos cantos entoados ao som do “sanshim” – viola, criando um conjunto denominado “utato sanshin” – o canto e a viola.
Quando o mundo iniciava o seu comércio internacional, era acompanhado pelo conceito de domínio subjugando os povos através das conquistas com o uso de armas, mudando até mesmo, as tradições culturais de um povo.
Porém, Okinawa partia ao som do badalar do “Bankoku Shinrou no Kane” – Sino da Paz Universal, anunciando a saída dos navios mercadores, em busca de parceiros comerciais, um passo a frente de todos os países conquistadores, em um comércio mercantilista moderno respeitando os valores culturais de cada região, sem pensar em conquista ou domínio, mas sim como “Mensageiro da Paz”, criou quarenta e quatro pontos comerciais (embaixadas), sendo o principal a província de Fukuen (China), porta de entrada com destino a Pequim.
Devido ao comércio com os povos do sudeste asiático, principalmente a China, percebendo a fragilidade de Okinawa belicamente falando, foi subjugado pelo clã Shimazu da região de Satsuma, atualmente Kagoshima por mais de 270 anos. Nesse período Okinawa chegou a ser bi tributado pela China e o Japão.
Reconhecido até mesmo na atualidade pelos povos asiáticos, recebendo um tratamento diferenciado, quando reconhecido como homens descendente de Ryukyu como um povo amigo, isto é, criando um diferencial entre os okinawanos e japoneses.
Até mesmo vivenciado a mais sangrenta batalha da 2ª grande guerra, as homenagens aos mortos são direcionadas a todos, indiferentes de serem japoneses ou estrangeiros, amigos ou inimigos, demonstrando o anseio do povo okinawano pela paz mundial.
Okinawa praticou desde essa época, ações modernas, baseado num processo antigo, que é a preservação do ecossistema e o meio ambiente, que se mantém atualmente que é a preservação milenar da Natureza, por meio do Bosque Sagrado “Utaki” existente em cada vila de Okinawa, e fontes de água (minas e poços), até hoje considerados ambientes sagrados.
Tendo como seu santuário principal “mutuya” – a sua casa de origem, criando um forte conceito de clã através da unidade familiar, e uma relação com a comunidade gerando o conceito de “shimanchu” – o homem da ilha ou conterrâneo, fortalecendo os laços de irmandade e ajuda mútua.
SHINJI YONAMINE é palestrante da cultura e tradições de Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.