Tradição Okinawana  

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 A tradição familiar de Okinawa é semelhante a hierarquia da família imperial japonesa, sendo que a sua sucessão se dá através de uma linhagem patrilinear, isto é de pai para filho.

A casa de uma família okinawana que tem um oratório – guansu ou totomé,  passa a ser um santuário familiar, assim sendo toda cerimônia religiosa, é realizada nela com a presença de seus descendentes. No guansu o nome do falecido é perpetuo, e no interior dela, há o ihai  – tablita de cor vermelha, que é dividida em duas partes: na parte superior vai os nomes dos homens, e na parte inferior vai o nome das mulheres,  o ihai representa a alegria de receber os seus descendentes,  e com o nome em  letras douradas que representa  o apreço das pessoas em relação ao falecido, ao longo de toda uma existência a qualquer momento, o seu descendente será bem recebido não importando a distancia do seu relacionamento, pois considera se que o espírito é eterno no conceito de familia.

A sequencia de transmissão do guansu,  se dá através  do pai para o filho mais velho – chonan  obedecendo a uma linhagem com sanguínea. No caso de Okinawa verificando a ausência de um descendente homem na família, jamais um genro poderá herdar o compromisso de cuidar do guansu dos ancestrais de sua esposa, (ao contrário das demais províncias japonesas, em que o genro assume o sobrenome da familia da esposa, se tornando herdeiro da familia) assim sendo, uma família que não tenha filho homem entre os seus descendentes, o segundo filho de algum dos seus irmãos denominado yoshi  se tornará o herdeiro espiritual, pois sempre o primeiro filho – chonan tem  o compromisso com os pais.

Há casos especiais  de ações de transmissão, que são incorretas.

  1. Yochimitsu era o filho mais velho de uma  família, porém ele só teve filhas, e quem assume o guansu é o seu sobrinho Anderson primogênito do seu irmão  Alberico, que já tem sob a sua responsabilidade o guansu do seu pai Alberico, neste caso, ele cuida  das duas famílias (tio Yochimitsu e o pai Alberico) é denominado tcha tchi ushi kumi  – não reconhecendo a existência do filho mais velho.

O correto será o segundo filho do Alberico, de nome Marcelo herdar o guansu do tio Yochimitsu e seus ancestrais, que é denominado yoshi, pois o filho primogênito do Alberico, que é o  Anderson continuará a linha de sucessão patrilinear.

 

  1. Existe um outro caso em  que uma familia cuida do santuário de vários irmãos casados falecidos, nesse caso denominados choodei-kassabai  – acumulo de irmãos no mesmo santuário.

 

  1. Um genro que assume o santuário da família da esposa denomina-se Iri muuku .

O guansu na sua representação como espírito presente, enfatiza a eterna relação entre o passado, presente e o futuro, fazendo dela um ponto de referencia, através dos seus rituais, mantendo o seu papel como elemento de integração familiar e social, através do costume de agradecer e também é uma forma de canalizar o pensamento positivo, juntamente com este  comportamento a forma de se doar, o espírito de solidariedade e ajuda mutua – tyui tashiki tashiki, o conceito de cada individuo pertence a esta estrutura, dando consciência que não estamos só, nesse mundo mas, que cada um de nós fazemos parte de um conjunto material e espiritual.  Assim no conceito okinawano,  um descendente será considerado sempre um componente da ilha. Isto é, um uchinanchu  – ichariba chode – se nos encontrarmos somos irmão.

 

Shinji Yonamine

Palestrante da cultura e tradições de Okinawa

e-mail:  shinji@mundook.com.br