O okinawano “uchinanchu” tem um sobrenome familiar característico que se identifica em relação a outras províncias japonesas, exemplo: Higa, Kanashiro, Kinjo, Oshiro, Arakaki, e etc. Quando um descendente vai para Okinawa, indiferente a cor da sua pele ou mesmo de ter nascido em uma região diferente, através do nome de família ele será considerado como sendo um “shimanchu”, isto é, okinawano natural da ilha…
Porque há uma profunda relação da família com o Santuário dos Ancestrais, o bosque sagrado “Utaki” existente em cada vila, a casa raiz “Niya”, o túmulo comunitário da clã “Munchu Baka”, fortalecendo o conceito de “shimanchu” pela relação existente entre as pessoas pertencentes ao grupo, este comportamento presente entre os okinawanos se mantém no além mar.
Assim, se considerarmos o conceito de língua, podemos considerar a existência no Japão de sete formas de falar, em Okinawa temos cinco línguas e mais a língua oficial que é o nihongo. Na pequena cidade de Naha, capital de Okinawa, existem três dialetos: uma língua usual no centro de Naha, uma forma nobre de falar no Distrito de Shuri e o dialeto da região de Orouko, isto mostra o quanto apesar de viverem próximos, a relação de comunidade ao longo dos anos era muito restrita as atividades entre as pessoas, isto devemos crer que tenha sido a base de todo comportamento okinawano através da família.
Daí faz-se entender uma série de atitudes que se destaca entre o meio japonês: a imagem de que os okinawanos são muito unidos; Okinawa foi uma região muito sofrida pelas diversidades da natureza, como tufões e a aridez da terra; o que fez criar entre os seus moradores, por questão de sobrevivência, o conceito de “Yui Maru” – Ação Solidária, “Tyui Tashiki Tashiki” – Ajuda mútua, e “Yunu Tsunami” – olhar a sociedade com igualdade, presente no comportamento das pessoas procurando levar a sociedade como parceiros. Criando, assim, uma cultura harmoniosa entre as pessoas, a ponto de ser agraciado pelo reino chinês como sendo “A Terra da Cortesia” – “Shurei no Kuni”. No Reino de Ryukyu a cada mercador que partia de Okinawa representava a voz da Paz Universal, simbolizado pelo sino “Bankoku Shinro no Kane”.
No começo do século XX devido às dificuldades em que se encontrava Okinawa, deu-se o início a emigração okinawana para o mundo. Baseado no conceito de ajuda mútua, ação comunitária e para troca de informações criou-se núcleos okinawanos representados pelas Associações Okinawanas existentes no mundo: Hawaí, Estados Unidos, Canadá, México, Cuba, Peru, Bolívia, Argentina, as ilhas do Sudeste Asiático e Brasil.
De uma ação solidária que podemos dizer pelo grande fluxo dos okinawanos pelo mundo afora, no período da década de trinta quando houve a vinda de um maior número de imigrantes para o Brasil, a remessa de valores do mundo todo para os familiares de Okinawa chegou a 67% de todo o orçamento anual de Okinawa, graças a esta relação de solidariedade, principalmente, ajuda de pós-guerra, se mantém um forte relacionamento com a Província.
Um dos frutos da vinda dos imigrantes foi a formação das Associações Okinawanas dentro da comunidade, que foi a base de toda manifestação cultural, educacional e recreativa proporcionando a todos um ponto de referência, para a realização de novas atividades.
SHINJI YONAMINE é palestrante da cultura e tradições de Okinawa. E-mail: shinjiyonamine9@gmail.com.