Japão quer criar seu ‘Caminho de Santiago’, com rota de peregrinação a templos
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Focado no trabalho de mostrar ao mundo seu belo e rico patrimônio, o Japão mira, agora, na rota de peregrinação. Em setembro, o presidente da Junta da Galícia (governo regional na Espanha), Alberto Núñez Feijoó, e o governador de Kagawa, Keizo Hamada, assinaram, em Santiago de Compostela, um protocolo de cooperação com a finalidade de promover o caminho de Shikoku, também conhecido como Rota dos 88 Templos. A intenção final é o percurso ser reconhecido como “Patrimônio da Humanidade”.
O Japão já tem uma rota de peregrinação reconhecida pela Unesco como tal. Trata-se do Caminho de Kumano, uma rota inter-religiosa, budista e xintoísta, irmanada com o Caminho de Santiago e que percorre várias províncias do sudeste japonês. Kumano é uma remota região montanhosa ao sul de Kyoto, ocupando a metade meridional da península de Kii. Segundo especialistas, essa região está na origem da espiritualidade japonesa.
Já a Rota dos 88 Templos, que as autoridades japonesas agora querem promover, fica na ilha de Shikoku, também no sudeste japonês, e se liga ao Caminho de Kumano em Koyasan, milenar cidade monástica situada no topo do monte Koya. O trajeto entre Shikoku e Henro foi percorrido no século 9 pelo monge Kukai, numa viagem espiritual que culminou com a fundação da comunidade de budismo esotérico Shingon.
Segundo dados oficiais japoneses, cerca de 500.000 peregrinos percorrem a cada ano esse circuito com pouco mais de 1.200 quilômetros, que, diferentemente da rota que leva a Santiago de Compostela, não tem ramais nem um começo e fim, por ser circular. O costume é percorrê-lo no sentido horário.
Agora, Tóquio quer aproveitar o reconhecimento internacional e turístico do Caminho de Santiago para atrair parte desse turismo religioso e cultural que chega à capital galega vindo de todos os lugares do mundo. A ideia é criar um circuito de peregrinação próprio, unindo as duas rotas religiosas – o que poderia contribuir para a recuperação da apática economia japonesa e também, possivelmente, para a abertura ao exterior de uma sociedade fechada a tudo o que soe como estrangeiro e que tem uma das menores taxas de imigração entre os países desenvolvidos.